quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



Clima interfere na saúde mental e pode gerar aumento de conflitos civis

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Crianças sofrem com angústia e stress atinge adultos vítimas de mudanças climáticas/Foto: Gustavo Vara

A entidade australiana Climate Institute, em parceria com o instituto Brain and Mind, divulgou um novo relatório que aponta a ocorrência de eventos climáticos, a exemplo de inundações ou ondas de calor, como desencadeadores de problemas sociais e de saúde mental, especialmente em comunidades rurais e na periferia.

Desenvolvido por especialistas em saúde mental e cientistas ambientais, o estudo vai além das estatísticas e traz relatos de moradores afetados por rápidas mudanças climáticas, expondo o trauma emocional daqueles que enfrentaram situações extremas ocasionadas pelo clima. Ainda de acordo com o relatório, uma pessoa em cada cinco sofrerá danos emocionais, que vão desde o stress, alcoolismo e auto-mutilações ao desespero e tentativas de suicídio.

Além de atingirem a sociedade e o meio-ambiente, os impactos se estendem ao setor econômico, que gasta mais de US $ 5 bilhões por ano para tratar a saúde mental, enquanto o custo em perda de produtividade é estimado em US $ 2,7 bilhões.

Segundo o relatório, a década de 2010 foi registrada como a mais quente da história da Austrália e foram contabilizados cinco ciclones tropicais, chuvas e inundações vindas após uma longa seca marcada por ondas de calor e diversas ocorrências de incêndio. "A nossa resposta terá de ser uma mistura de mitigação, adaptação e transformação, reconhecendo que a prevenção é muito melhor do que o tratamento", afirmou o psicólogo sênior da Sociedade Australiana de Psicologia, Susie Burke.

Conflitos Civis

Na mesma semana, a Revista Nature publicou estudo que relaciona a interferência do El Niño, fenômeno que eleva a temperatura e ocasiona diminuição das chuvas, ao aumento do índice de conflitos civis em relação a países que não são afetados pela mudança.

Os autores cruzaram dados de 234 conflitos acontecidos entre 1950 a 2004 em 175 países, com a atuação dos dois fenômenos climáticos e, de acordo com a publicação, em anos de ocorrência do fenômeno La Niña, ligado a temperaturas mais frias e fortes chuvas, o número de conflitos atingiu o patamar de 3%. O número sobe para 6% em épocas de atuação do El Niño. Já nas nações que não enfrentam os efeitos de ambos, o índice se manteve em 2%.


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