quarta-feira, 3 de abril de 2013


Bactérias do chão não esperam cinco segundos para contaminar alimento

Alimentos com conteúdo pastoso ou líquido são os mais vulneráveis à contaminação por bactéria, mesmo quando ficam menos de cinco segundos no chão
Alimentos com conteúdo pastoso ou líquido são os mais vulneráveis à contaminação por bactéria, mesmo quando ficam menos de cinco segundos no chão Foto: Dave Yoder / Agência O Globo

RIO- Se o pão cair com a manteiga virada para baixo, de pouco adianta ter pressa e tentar resgatar o lanche em até cinco segundos. Não passa de superstição a crença de que as bactéricas do chão fazem uma contagem regressiva antes de mergulharem no alimento em busca da perpetuação da espécie. Cientistas em um laboratório da Universidade de Londres fizeram testaram o mito e concluíram que os micro-organismos podem infectar a comida no intervalo que se conta com os dedos da mão.
Um pedaço de pizza, uma torrada com a manteiga para baixo e uma maçã foram lançados sobre um típico chão de cozinha, um carpete e o chão da rua, respectivamente. Um dia depois, no laboratório, todos os itens se revelaram repletos de bactérias, de acordo com o teste feito a pedido do site da BBC. Evidências de bactérias fecais foram encontradas inclusive na pizza que caiu na cozinha.
— Já busquei referências científicas sobre a crença dos cinco segundos, ms nunca achei nada a respeito. É uma marca de tempo arbitrária, uma crendice — garante o professor titular de microbiologia da Universidade Gama Filho, João Carlos Tórtora.
Pia pode ser pior que vaso sanitário
O professor explica que o tempo que o alimento fica sobre o chão contaminado faz diferença, mas há diversos outros fatores a serem levados em conta. A superfície, logicamente, é uma delas. Mas engana-se, por exemplo, quem pensa que a tampa do vaso sanitário pode ser mais contaminada que a pia da cozinha, local onde há manipulação de alimentos recém-chegados do mercado e foram armazenados longe dos olhos do consumidor.
— A cozinha é, na maioria das vezes, o local mais contaminado da casa. Os coliformes fecais, quando contaminam o alimento, podem dobrar de quantidade em apenas 20 minutos. Mas o tipo de comida que cai conta bastante — disse Tórtora.
O conceito que explica melhor o potencial de contaminação é o de “água livre”. Comidas pastosas e líquidas são as preferidas das bactérias. A manteiga, a torta e o bolo de chocolate, portanto, resistem menos aos cinco segundos que um biscoito. Mas “água livre” não é toda a água do alimento. Um copo de leite puro tem mais água livre que outro com açúcar, já que o doce precisou usar parte da água para se associar quimicamente.
O teste feito pelos britânicos não foi obro de 2012. O artista já “desenhou” com lixo, açúcar, macarrão, chocolate ou diamantes em busca de um “realismo pictórico contemporâneo”.
— Essa série vem um pouco do meu trabalho com lixo — diz, referindo-se ao que criou com catadores de Gramacho. — O lixo é algo entre o objeto e a matéria, é o fragmento de uma coisa, e isso eu comecei a perceber que se aplicava a revistas. Seu olho não consegue parar numa imagem, são fragmentos. É como se fizesse uma coleta, e o lixo visual fica em você.
Vik, então, diz propor uma “relação inteligente” com esse resíduo. Defende que “já não há mais pureza de imagem, tudo está poluído de referências” e, por isso, decidiu “recriar imagens a partir de bilhões de extrações”.
Como subtema da série que expõe agora está a identidade visual das mulheres. A maior parte dos recortes de revistas, conta o artista, foi feita a partir de revistas femininas. As pinturas que escolheu refazer também retratam, em sua maioria, mulheres.
— Nunca procuro uma estrutura temática numa exposição, mas ao contrário: procuro uma exposição na qual possa discutir valores. Vejo uma mostra como um LP, para o qual você seleciona músicas que parecem combinar — afirma.
O mote recorrente dos fragmentos, do lixo à revista, é algo de que não consegue “se livrar”, como diz. Usa a colagem como pincelada para criar trabalhos que jogam com a capacidade de o olho lidar com o todo e com as partes, alternadamente.
— Se estou me repetindo? Que artista não se repete? Desenvolvi uma linguagem e estou percorrendo o caminho dela. Tem maneiras incrivelmente diferentes de se fazer a mesma coisa.


Fonte: JE