quinta-feira, 8 de setembro de 2011


Mulheres são mais suscetíveis ao álcool

Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde revela que 8,2% das entrevistadas admitem exagerar na bebida.




O consumo de bebida alcoólica entre as mulheres vem crescendo a cada dia. Recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostra que enquanto, em 2006, 8,2% das entrevistadas admitiram exagerar na bebida, em 2010, 10,6% afirmaram ter tal hábito. O problema incomoda, não apenas pelo fato do crescimento do consumo, mas também porque nas mulheres os efeitos do álcool podem ser mais noviços do que nos homens. O álcool se mistura facilmente com a água do corpo, e como as mulheres possuem proporcionalmente menos água do que os homens, a concentração e os efeitos da bebida, bem como os riscos à saúde, acabam sendo maiores.

“Estudos científicos apontam que, nas mulheres, o uso de álcool está associado ao desenvolvimento de câncer de mama, principalmente quando combinado ao uso de reposição hormonal na pós-menopausa, por exemplo. Sob o efeito de bebida, as mulheres ainda podem ficar suscetíveis a abusos sexuais e fazer sexo desprotegido, além de efeitos negativos sobre o casamento e no desenvolvimento dos filhos”, explica a psiquiatra e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), Camila Magalhães Silveira.

MOTIVAÇÕES DIFERENTES

Os motivos que levam homens e mulheres a beberem também são diferentes.De acordo com a coordenadora do Cisa, um estudo realizado com universitários (entre 18 e 25 anos, idade em que se inicia o uso de álcool) sugeriu que, nas mulheres, os indicadores de problemas relacionados ao consumo de bebida alcoólica estão mais fortemente ligados à esfera afetiva (bebem para lidar com estresse ou para aliviar sintomas depressivos), enquanto entre os homens estaria mais associado a motivações sociais (beber em festas ou na companhia de amigos, para ser aceito por amigos ou pelo grupo).

GRAVIDEZ NÃO COMBINA COM BEBIDA ALCOÓLICA

Outro hábito preocupante entre as mulheres é o consumo de bebida alcoólica durante a gravidez. Em decorrência desse comportamento, tanto a saúde do feto como a da mãe podem sofrer efeitos negativos, uma vez que o álcool atravessa a placenta. Entre as consequências, a mais grave e comum é a Síndrome Fetal Alcoólica (SFA), apontada como a maior causa evitável de retardo mental em crianças. “O uso de álcool durante a gravidez pode trazer inúmeros problemas para o bebê, incluindo hiperatividade e déficits de atenção, aprendizado e memória”, comenta a especialista. Em tempo: o Cisa é uma organização não-governamental lançada em 2004 pelo psiquiatra e especialista em dependência química, Arthur Guerra de Andrade.