domingo, 6 de setembro de 2009

ANTÔNIO TICACA - O afinador de sanfonas.



Na cidade pernambucana de Gravatá, Antônio Ticaca faz diferença entre os sanfoneiros da região. Requisitado por músicos de todo o estado, ele dá o tom do instrumento. A vida dele é afinar sanfonas, profissão de poucos.
Em sua casa no centro de Gravatá, chama atenção de que passa. O motivo é a quantidade de sanfonas no terraço. Ele já está há 30 dos 70 anos que tem hoje cercado pelos instrumentos.

Com tanto tempo ao lado da sanfona, tem gente que pensa que seu Antônio é sanfoneiro. Na verdade ele trabalha como afinador do instrumento, uma profissão pouco conhecida, mas muito importante aqui na região. É ele o responsável pela qualidade do som que embala o forró. Natural de Jataúba, distrito de Brejo da Madre de Deus, Antônio aprendeu o oficio pelo amor a sanfona.

“Eu comecei fazendo um sonzinho, aí o mestre que me ensinou viu que eu dava pra trabalho. Aí me convidou pra eu ir trabalhar com ele. Ele me ensinou e hoje, graças a Deus, sou um mestre de sanfona.

Tem músico que vem de Recife, de Limoeiro, de Caruaru, da zona do sul [do estado], de todos os lugares mandam sanfona pra mim.”, conta o afinador de sanfona, que tem ainda mais trabalho na época perto dos festejos juninos.

Seu Antônio afina a sanfona de toda a quantidade de baixos. O serviço leva em média três dias. O processo é o mesmo, ele abre o instrumento e aos poucos vai ajustando nota por nota. O trabalho é bem cuidadoso e exige muito do ouvido. O serviço custa em média R$ 200.

Bastante solicitado, Antônio quase não sai da oficina. A esposa, Etelvina de Faria, procura entender e diz que não sente ciúmes das sanfonas. “De manhã toma um cafezinho e vem pra cá. Onze horas, onze e meia, mais ou menos, o almoço tá pronto. Ele almoça, descansa um pouquinho, tem dia que nem descansa e volta pra cá. Aí, só lá de tardezinha”, relata a esposa de Antônio

Mesmo crescendo ao lado dos instrumentos, o filho Antônio de Farias não desenvolveram as mesmas habilidades do pai. “Nem tentei aprender porque achava difícil demais”, explica.

Embora não se considere bom sanfoneiro, seu Antônio arrisca algumas músicas. Afinal, de que vale afinar e não aproveitar um pouco?